"Macbeth" e a exuberância transcrita na balbúrdia. Escrito por Marco Antônio Seta em 03 de novembro de 2025

Macbeth sob vaias e apupos no Theatro Municipal
de São Paulo


 Na noite de estreia, em 31 de outubro de 2025, “Macbeth” teve regência de Roberto Minczuk à frente da Orquestra Sinfônica Municipal. Embora coesa, a orquestra apresentou andamentos instáveis, ora excessivamente ralentados, ora precipitadamente acelerados, o que resultou em descompassos dinâmicos que, não raro, encobriram as massas vocais dos solistas ou se afastaram das intenções originais inscritas na partitura verdiana, com mutilações em partes da obra.

De forma ainda mais discutível, suprimiu-se a música do balé, mesmo tratando-se da versão parisiense, a segunda, (1865) revisada pelo próprio Giuseppe Verdi, na qual esse trecho é parte integrante da dramaturgia musical.

No plano cênico, Elisa Ohtake impôs uma leitura que submete os protagonistas a situações de ostentada desconstrução, fazendo-os esfregar-se pelas paredes do teatro, transitar pelos corredores e camarins, e interagir com elementos banais do cotidiano, projeções num telão de servir-se de Catuaba Selvagem num copo de botequim; glissando ao piano vertical Yamaha usado para vocalizações, a leitura desnecessária e improvisada de trechos de Shakespeare (no caso da atriz e cantora Marigona Qerkezi, intérprete da Lady Macbeth), e o ato de fazer o próprio Macbeth (o barítono Craig Colclough) percorrer a fachada do edifício, comer pipoca de um vendedor ambulante e tomar um milk-shake, num gesto de afronta caricatural ao público presente no interior do Theatro Municipal.

A direção mostra ainda desarticulação no trabalho coral, perceptível na cena em que Macduff anuncia o horror dos assassinatos: os coristas surgem em cena como se passeassem distraidamente, alheios à tragédia que deveriam testemunhar, convertendo o drama escocês em mera pantomima urbana.
Um resultado que evidencia a ausência de coerência dramatúrgica e a incompreensão do sentido trágico que sustenta a partitura de Verdi.

Ademais, faltou jogo cênico ao coro e a diversos solistas, mantidos em posturas estáticas, impiedosamente alheios à dramaticidade intrínseca das cenas, o que comprometeu o andamento teatral do espetáculo. Esses acréscimos afrontosos e desconexos resultaram em reações imediatas do público, que se manifestou com vaias, gritaria: (vergonha !, toquem a música de Verdi, fora já Sustenidos !) , apupos e urros generalizados, reprovando veementemente o contexto experimental, desrespeitoso e de efeito barato proposto pela direção cênica.

A cenografia minimalista igualmente de autoria de Elisa Ohtake, mostrou-se um desafio à própria equipe técnica, obrigada a administrar transformações cênicas praticamente inexistentes. Nada há, contudo, nada criativo: o que predomina é um vazio cênico deliberado, composto por paredes metálicas, cortinas negras ao fundo e nas laterais, ausência de cenários estruturados e o uso de adereços paupérrimos  entre eles, duas poltronas translúcidas de bolhas, de estética duvidosa, que apenas acentuam o caráter improvisado da proposta.
Na cena derradeira do Ato IV, coro e figurantes surgem portando buquês de flores multicoloridas, desfilando pelo palco como se tentassem compensar o vazio visual com gestos simbólicos sem coesão dramática um desfecho oco e descompensado, sustentado apenas por uma espécie de armadura cênica destinada a “segurar a onda” até o apagar das luzes.

Os figurinos de Gustavo Silvestre e as intervenções de Sônia Gomes  amplamente divulgadas nas redes do próprio teatro configuram, em síntese, uma proposta atemporal, mas submetida a vaidades pessoais. O resultado se traduz em uma colagem de autoafirmação estética, experimental e desrespeitosa com a originalidade histórica, o estilo musical e a dramaturgia trágica do “Macbeth” verdiano, inspirado no texto de William Shakespeare e no libreto de Francesco Maria Piave. Trata-se, portanto, de um descalabro cênico que não dialoga em nenhum momento com a obra e rompe com sua essência trágica.

A iluminação de Aline Santini cumpriu função regular, embora marcada por penúrias visuais em momentos cruciais, como nos finais dos Atos I e II, no sexteto emoldurado pelo coro e especialmente no início do Ato IV, quando a execução do coro “Oh patria oppressa” exigia maior densidade atmosférica e precisão lumínica.

Por sua vez, o Coro Lírico Municipal, sob a sábia preparação de Hernán Sánchez Ortega, manteve um nível vocal sólido e disciplinado, ainda que prejudicado pelas inconsistências rítmicas e espaciais impostas pela direção cênica.

O Coro Lírico Municipal revelou-se o verdadeiro catalisador do espírito shakespeariano nesta produção. Soube ressaltar a grandeza da escrita coral de Verdi, especialmente nos cenas das bruxas e nos concertatos dos Atos I e II, onde as vozes encorpadas, homogêneas e sonoramente líricas conferiram densidade expressiva à narrativa musical.
Mesmo diante das limitações impostas pela encenação, o conjunto manteve disciplina vocal, precisão harmônica e vigor dramático, reafirmando-se como um dos pilares artísticos mais sólidos da atual estrutura lírica paulistana.

Cumpre recordar que Macbeth estreou no Teatro della Pergola, em Florença, em 14 de março de 1847, e teve sua segunda versão,  a chamada “francesa”  apresentada em 21 de abril de 1865, no Théâtre Lyrique de Paris. É precisamente essa versão parisiense, revisada pelo próprio Giuseppe Verdi, que foi adotada na presente montagem, sob atemporalidade e contemporaneizada ainda que desfigurada por escolhas cênicas e cortes injustificáveis, como a supressão integral da música do balé.

Com essa trevosa e odiosa proposta cênica e a consequente enganosa leitura cultural, a montagem acabou por iludir o público mais jovem, aquele que, talvez em sua primeira experiência operística em sua primeira ida à ópera, se viu infelizmente diante de um espetáculo desconexo da verdade artística de Verdi e Shakespeare.

No papel-título, o barítono dramático Craig Colclough evidenciou certo desgaste físico e vocal, provavelmente fruto de longos e consecutivos ensaios, o que por vezes limitou seu rendimento. Trata-se, contudo, de um artista de excelência comprovada, dotado de sólida escola vocal e de um currículo internacional dos mais promissores. Recentemente, interpretou Macbeth no Metropolitan Opera de Nova Iorque, com grande êxito, confirmando o acerto desse personagem em seu repertório.

Sua trajetória inclui papéis de notável diversidade expressiva: Don Pasquale, de Donizetti, e Fra Melitone, de La forza del destino, onde demonstrou rara vis cômica; no repertório germânico, destacou-se como Kurwenal, em Tristan und Isolde, e Alberich, em Das Rheingold, papéis em que revelou uma voz encorpada, de timbre escuro e projeção homogênea, sustentada por singular capacidade de expressão psicológica.
No universo pucciniano, é lembrado como um Barone Scarpia de intensa dramaticidade em Tosca e um Jack Rance de impacto em La fanciulla del West.

Nesta produção paulistana, Colclough entregou um Macbeth de solidez técnica, especialmente em momentos de alta exigência, como nas intervenções “Perfidi! All’Anglo…”, “Esser puoi sanguinario, feroce”, “Nessun nato” e ária “Pietà, rispetto, amore” (Ato IV), nas quais reafirmou verdadeira musicalidade, articulação precisa e autoridade interpretativa.

A seu lado, o soprano kosovar-croata Marigona Qerkezi compôs uma Lady Macbeth de altíssimo nível técnico-artístico. Detentora de uma voz dramática de agilidade notável, a intérprete possui um repertório de peso que abrange desde Anna Bolena, de Donizetti, e Norma, de Bellini, até Il Viaggio a Reims, Semiramide, Moïse in Egitto e Guillaume Tell, de Rossini; passando por Manon Lescaut, Tosca, a Liú e Il tabarro, de Puccini, e papéis verdianos como Aida, Ernani, Il trovatore e a Missa de Requiem,  também Der Rosenkavalier,  de Strauss.

Sua Lady Macbeth figura que exige um soprano dramático ou mezzo de tessitura ampla e timbre escuro, quase áspero, capaz de sustentar o arco psicológico da “loba medieval” que transita da ambição à loucura, ( do gênero Shirley Verrett, Birgit Nilsson, Leonie Rysanek, Elena Souliotis ou Fiorenza Cossotto) foi construída com precisão e grandeza.
Desde o recitativo “Nel dì della vittoria…”, que antecede a ária “Vieni! t’affretta!”, Marigona Qerkezi demonstrou linha de canto firme, médios e agudos bem projetados, timbre aveludado e escuro, e portamentos impecáveis, ainda que as notas mais graves lhes sejam opacas e descoloridas. Emissão perfeita de um ré bemol heroico ao final do concertato no Ato I !
No Ato II, sua interpretação de “La luce langue” atingiu elevado grau técnico e emocional, culminando em “Una macchia è qui tuttora…”, em que a artista modulou a voz com maestria partindo de um meio-tom quase espectral até alcançar o Ré bemol superagudo em um filamento vocal de tirar o fôlego.
Não há trecho que não revele controle, sensibilidade e fidelidade estilística. Um triunfo inequívoco. Brava, Marigona Qerkezi.

Já o baixo Savio Sperandio (Banquo) apresentou-se de modo apenas convencional. Na célebre ária “Come dal ciel precipita”, as notas graves quase inaudíveis comprometeram amplamente a sua performance.
Outros intérpretes já ocuparam o mesmo papel neste teatro com resultados bem superiores; recordem-se Mario Rinaudo e Luiz-Ottavio Faria , bem como referências internacionais como Bonaldo Giaiotti, Nicolai Ghiuselev, Ricardo Yost, Nino Meneghetti, Giovanni Foiani, Ezio Flagello, Carlo Colombara, Ildar Abdrazakov (Metropolitan Opera, 2019), Erwin Schrott (Gran Teatre del Liceu, 2022/23) e Andreas Bauer Kanabas (Oper Frankfurt, 2024/25).

O tenor Giovanni Tristacci (Macduff) não convenceu: sua interpretação linear e sem nuances dramáticas diluiu a nobreza do personagem. Em contrapartida, Mar Oliveira (Malcolm) e o barítono Júlian Lisnishuk,  que assumiu quatro papéis menores,  mostraram consistência vocal e presença cênica dignas de nota.

Causa estranheza a decisão da direção em importar uma intérprete estrangeira para o papel da Lady, quando há no próprio Coro Lírico Municipal diversos sopranos líricos e mezzo-sopranos aptas a desempenhar o papel com mérito, viu-se inexplicavelmente Isabella Lucchi, cuja breve participação revelou voz frágil e projeção insuficiente.
Os demais  Alessandro Gismano, Graziela Sanchez e Rogério Nunes  ofereceram desempenhos muito sofríveis, exceção feita a Cauê Souza Santos, em sua terceira aparição, que exibiu afinação impecável e belo fraseado... surgindo um novo cantor de ópera !


Comentários

Anônimo disse…
Verdades escrachadas.
Jadson Mundim disse…
É revoltante constatar que uma ópera da magnitude de Macbeth obra cuja força dramática e musical exigem um mínimo de reverência tenha sido tratada com tamanho descaso. Enquanto uma cantora se lançava em cenas de erotismo improvisado nos camarins e não me refiro à encenação séria, mas a uma provocação gratuita ouvi-se, alto e claro, a palavra “VERGONHA!”, que reverberou por todo o teatro. Essa reação indecorosa, porém compreensível, foi apenas o início da degradação.

O que se seguiu ultrapassou todos os limites do aceitável: uma montagem que se vangloria de ser “atemporal” porém que, de fato, pareceu esquecer por completo o espírito trágico e visceral da partitura de Giuseppe Verdi. A ausência de cenário paredões metálicos, cortinas negras, essas duas poltronas translúcidas sem sentido já por si constitui um ultraje aos espectadores que ali se mantinham com expectativas legítimas.
criticacomoseta.blogspot.com
E então, num gesto que resumia o desrespeito completo ao público, o protagonista (o barítono Craig Colclough como Macbeth) abandonou o palco para… comer pipoca de vendedor ambulante da fachada do teatro, como se isso fosse encenação, como se isso fosse arte! Um absurdo que transforma a plateia em cúmplice de uma farsa, e reduz o público à condição de “imbecis” expressão que ficou explícita, e por isso legítima, no protesto coletivo.

Não se trata aqui de mera preferência por “tradição versus modernidade”. Trata-se de respeito, respeito à obra, ao compositor, ao público. Quando se impõe um espetáculo como se fosse performance de rua num corre-corrente de provocação, e ainda se espera aplausos, ou silêncio conivente, o resultado só pode ser o que vimos: vaias e gritos.

Se essa produção tinha algo para oferecer além da anedota, ele ficou enterrado sob a vaidade pessoal da direção cujo único cenário visível era a ostentação do que não havia e sob o compromisso de tratar a plateia como espectadora de um choque, e não como público de uma experiência artística relevante. É uma afronta ao público que se deslocou com expectativa, aos cantores que ali lutavam por dignidade, e ao próprio teatro que abriga tradições centenárias.

Portanto: sim, “VERGONHA” ecoou corretamente. E sim, o erro maior não está apenas na falta de cenário, ou na impropriedade da encenação está na opção consciente de escarnecer da arte e da plateia.

Que se registre, então, como um aprendizado ou como advertência de que modernização não significa barbárie. E que a próxima vez o público espere algo com sentido, criatividade e respeito, e não essa pantomima que aqui assistimos.
Anônimo disse…
Faltou mencionar que teve fora Sustenidos.
Mario Sancigolo Junior disse…
Uma barbárie realmente o que vi no Theatro Municipal na estreia de Macbeth. Nunca tinha visto algo tão agressivo e desrespeitoso com a plateia da qual eu fazia parte. Uma equipe que não respeita nem o compositor nem o autor do drama. Willian Shakespeare e G. Verdi. Fora já Sustenidos do Municipal de São Paulo. Já vai bem tarde, bem depois do que deveria ser na realidade. Aida, O Guarani, Nabucco, Don Giovanni, Porgy and Bess e agora Macbeth. Completaram seis (6) óperas indeléveis e criminosas em sua produção.
Carlos Martins disse…
O que vimos no Theatro Municipal não foi ousadia, foi falta de respeito. Uma ópera tão grandiosa como Macbeth merecia cenários, direção e decoro à altura não improvisos, nem provocações vulgares. Quando alguém gritou “VERGONHA!” durante a apresentação, foi como se falasse por todos nós. Saí com a sensação de ter assistido a uma paródia de ópera, e não a Verdi.
Diego disse…
Infelizmente estou começando a me resignar e contentar-me com pouco, ou quase nada. Perto da gestão bizarra que faz a Sustenidos, as escolhas mais do que questionáveis da nepo-baby Ohtake, até que são toleráveis.
Faz falta uma direção por gente com cancha em ópera, mas isso é chover no molhado. Talvez trouxa seja eu, que sigo ano após ano esperançoso, renovando um programa anual cada vez mas salgado, especialmente pelo que entrega.
Anônimo disse…
mais uma produção que o ego do diretor não satisfeito em fud3er a cênica tambem f0de o som, é o pós-pós-pós modernismo onde já caiu em uma superficialidade masturbatória do choque pelo choque, por isso que essa gestão porca evita tanto chamar diretores de ópera e busca sempre gente que não dirigiu nem jogral de igreja, entre a comoção na ultima récita um defensor dessa patifaria gritou "fodasse Verdi" e é o mais fiel retrato dessa gestão porca da Sustenidos que só veio para destruir e abrir o caminho pra quem vai bater os pregos no caixão do Teatro Municipal
Anônimo disse…
Digo mais : pela falta de habilidade de fazer trocas de cenario, o grande desafio dessa ópera, colocaram umas sketch de porta dos fundos no meio, e tudo isso pra sendo que os cenários eram minimalistas e dava pra trocar em 30 segundos
Beatrice Morelli disse…
Vergonha inaceitável. Fora já, Sustenidos.
Gabriel Torres disse…
Definição única, lacração com o público.
Anônimo disse…
Crítica maravilhosa! Quero que o Theatro Municipal entregue o mesmo nível de qualidade de 2015, já estaria perfeito! Sem essa sanha lacradora da Sustenidos.
4 de novembro de 2025 às 08:17
Anônimo disse…
Todos deviam se levantar e gritar: fora já Sustenidos e ir embora para casa.
Com certeza, uma crítica de alguém super competente!! Espero que sirva de reflexão para todos do espetáculo! Parabéns professor Marco!
Muito triste ter o Sustenido nas organizações do Municipal! Em Tatuí, também no Conservatório que tentam administrar, se percebe a enorme desorganização e desconhecimentos técnicos didáticos pedagógicos! Lamentável. Parabéns grande crítico Prof. Marco Setta! Que suas críticas propiciem momentos de reflexão para Sustenidos!
Mário Macino disse…
A montagem de Macbeth foi confusa e sem propósito. Não se trata de ousadia mal compreendida, mas da completa ausência de uma ideia consistente. A arte pode provocar, mas precisa saber o que quer dizer e aqui não havia nada além de gestos soltos e cenas sem nexo. O cenário era frio, repetitivo, sem relação com o drama.
As projeções, que poderiam enriquecer a narrativa, acabaram longas e forçadas, e o que deveria ser tragédia virou paródia. Ver produtos de limpeza usados como símbolo de sangue foi constrangedor, e a famosa floresta de Birnam se transformou em um caos de flores e confusão. O duelo final, fora de cena, só confirmou o esvaziamento geral. No fim, o público saiu antes do encerramento, em silêncio e frustração. Faltou direção, sobrou pretensão.
Plínio Jovem disse…
A Sustenidos deve odiar Marco Antonio Seta.
Suas críticas têm embasamento irrefutável e referências históricas que conferem a ela uma consistência substancial.
Políticas públicas precisam ser alvo de análises sérias e tão imparciais quanto possível.
Marco Antonio cumpre esse papel, criticando o espetáculo de A a Z, apresentando sólidos argumentos técnicos e históricos e apontando o que está em desacordo, bem como os méritos existentes.
Seu trabalho expõe os equívocos de uma gestão cultural com todos os sintomas de amadorismo, exercendo o papel que se espera de um profundo conhecedor do assunto e inconformado com o tratamento dado aos eventos culturais de nosso querido Teatro Municipal.
Que ele continue a exercer seu papel vigilante, expondo as mazelas que precisam ser expostas.
Anônimo disse…
Depois de tantos relatos negativos sobre figurino e cenografia, desisti de assistir. Já me decepcionei demais com as últimas produções da sustenidos no Theatro Municipal é um desperdício de tempo e expectativa. Desde Nabuco, venho notando uma queda de qualidade. Esse ano, só um programa duplo escapou do desastre. Espero que o próximo ano traga algo mais digno do palco que temos.
Anônimo disse…
Musicalmente, foi excelente: orquestra afinada, coro em ótimo nível e uma Lady Macbeth poderosa. Mas a direção de cena... lamentável. Parecia uma montagem apressada, sem coesão, com ideias que não se sustentavam. Levei um amigo que nunca tinha ido à ópera, e até ele achou tudo confuso e amador.
Descobri depois que a diretora estava estreando no gênero e logo com Macbeth! É como colocar alguém que acabou de tirar a carteira para pilotar um avião. Uma pena, porque o trabalho musical foi de primeira. Recomendo apenas para quem quer ouvir boa música, não para quem espera uma encenação à altura.
Joyce Lisboa disse…
Fui animado achando que veria uma leitura moderna e intensa de Verdi. O que encontrei foi um espetáculo vazio, sem alma e sem cenário. Parecia um ensaio mal resolvido. Entendo que a arte pode ser provocadora, mas há uma linha entre ousar e desrespeitar o público e aqui ela foi completamente cruzada.
Anônimo disse…
Sinceramente, a sensação foi de estar vendo um ensaio aberto, não uma estreia. Os vídeos em cena eram cansativos e desconectados, o cenário inexistente, e o público saiu irritado. É triste ver uma produção com tanto potencial se perder por pura falta de direção e sensibilidade.
Renata Novaes disse…
Fiz assinatura no Theatro Municipal e me arrependi profundamente. Não renovo nunca mais! Vou apenas às apresentações que já paguei, mas depois disso, acabou. É inadmissível cobrarem tão caro pra entregar um espetáculo de qualidade tão baixa. Parecia feito com orçamento de cem reais! Que desrespeito com Shakespeare e com o público. Só volto quando houver uma gestão que trate a música erudita com o valor que ela merece.
Eloísa Zeitlin disse…
Com ingressos comprados no início da temporada, depois da crítica de Seta, estou repensando minha ida ao Teatro. São Paulo oferece uma gama grande de espetáculos e comparecer a essa ópera é no mínimo, uma temeridade.. Portanto, as poltronas ficarão vazias
Lamentável o destino do Theatro Municipal de São Paulo diante da ópera e da música de concerto !
Ila Zapata disse…
A crítica do Setta é muito pertinente em todos os detalhes incluindo técnicos e históricos. Lamentável o espetáculo vazio, sem cenário Ópera da magnitude de Macbeth exige respeito. Respeito também ao autor. Setta muito bem expõe o total desrespeito incluindo o público. Música erudita merece valor!
Rubens K disse…
Parabéns, critica muito bem fundamentada.
Patrícia Lenice disse…
Senti vergonha alheia. Um teatro com tanta tradição entregar algo tão desleixado é revoltante. O público paga caro esperando arte, não espetáculo de mau gosto. Espero sinceramente que um dia o Theatro Municipal volte a priorizar a música e o respeito à plateia.
Anônimo disse…
Fui achando que ia ver ópera... saí achando que tava num sarau de faculdade. Sem cenário, sem direção, sem vergonha. Só faltou vender pipoca dentro da plateia pra combinar com o Macbeth saindo pra lanchar.
Leonardo Ungaretti disse…
Em pensar que paguei R$ 210,00 por um ingresso para ser chacoteado pela própria administração do Theatro Municipal de São Paulo, é algo revoltante. Uma instituição centenária, que deveria honrar sua história e seu público, entrega um espetáculo amador, desrespeitoso e vazio de dignidade artística. Assistir a Macbeth, de Giuseppe Verdi uma das mais sombrias e densas tragédias do repertório operístico transformada num deboche grotesco, foi uma experiência humilhante. A começar pelo cenário inexistente, uma ausência gritante que denunciava o descompromisso total da direção artística e da OS Sustenidos, responsável pela atual gestão. Como se não bastasse, o próprio Macbeth saiu de cena para “comer pipoca”, em uma atitude absurda que beira a provocação ao público. A cena, longe de ser criativa, foi um escárnio à tradição operística e uma insultuosa paródia da arte lírica, desfigurando completamente o espírito de Verdi e de Shakespeare. É lamentável perceber que o Theatro Municipal outrora símbolo da excelência e da grandeza cultural paulista tenha se rendido a esse experimentalismo sem propósito, a essa negligência disfarçada de modernidade, que destrói o respeito do público fiel. Um teatro que já recebeu Callas, Tebaldi, Del Monaco e tantos outros ícones da lírica, agora expõe seus espectadores a um espetáculo pobre, sem concepção estética coerente, sem cenário, sem emoção e sem vergonha. Paguei caro para testemunhar o declínio de um símbolo, a banalização de uma arte que exige seriedade, estudo e reverência. O que se viu foi o retrato do descaso: produção descuidada, figurinos risíveis, direção desorientada e um público perplexo, ofendido e enganado. O Theatro Municipal precisa lembrar que cultura não é chacota, e que o público não é cobaia de delírios amadores travestidos de vanguarda.
Marilena Ameixeira Salles disse…
Fui ontem ver Macbeth. Que horror...eu pensando que naquele palco já pisaram Beniamino Gigli, Agnes Ayres, Bidú Sayão, Ferrucio Tagliavini, Gian Giacomo Guelfi, Leonard Warren e Tito Gobbi, depois: Renata Scotto, Fiorenza Cossotto, Montserrat Caballé e Mirela Freni, Samuel Ramey, Nicolai Ghiuselev, Nicola Rossi-Lemeni, Virgínia Zeani, Aprile Millo e os atores Sergio Cardoso, Paulo Autran, Cacilda Becker, Cleide Yaconis, Tonia Carrero; bailarinos Margot Fonteyn, Isadora Duncan, Nijinsky, Anna Pavlowa, Mikhail Baryshnikov ! Como podem colocar esse espetáculo nível ginasial no palco do maior e mais importante teatro da cidade de São Paulo ? Até coroa de papel alumínio teve na cabeça dos Macbeth, sem falar no cenário que não é cenário e nas figuras do caranguejo de plástico e uma cobra pendurada que desabou do varal. Houve também lanche do rei Macbeth na frente do teatro e uma bofetada na cara do público. Um descalabro, sem igual !
Anônimo disse…
Perfeito. Prof. Marco. Endosso e assino. Como Profissional das Ares Cênicas e Arte e Educação. Abraços. Prof. Dr. Eldo Mello
Anônimo disse…
Tinha gente saindo no intervalo, e com razão. Se a intenção era provocar, parabéns: provocaram raiva, vergonha e arrependimento coletivo. Nunca vi tanta pretensão junta pra entregar tão pouco.
Anônimo disse…
Tudo certo na crítica. Mas porque transformam a Sustenidos (entidade) na culpada S/A, quando existe uma pessoa responsável por tudo isso.
A sra. Andréia Caruso Saturnino, intendente -ou diretora artística- que escolhe quem dirige e é alinhado ao seu experimentalismo tosco oriundo de um teatro alternativo de baixa qualidade.
Essa senhora odeia ópera e quem gosta dela.
Simples assim !!!
Rodrigo Jordão disse…
Sustenidos sempre no improviso recriando obras com uma riqueza histórica e em sua versão modificada pela sustenidos, tornando uma obra pobre em detalhes.
Marília Gonzaga Seta disse…
Caos na administração Sustenidos Organização Social de Cultura!!!
Jadson Mundim disse…
Falta respeito e comprometimento.