"Porgy and Bess" estreia no Theatro Municipal de São Paulo, após 33 anos sua última encenação em maio de 1992, vinda da Opera da Virgínia, apresentada pelos Patronos do Theatro Municipal de São Paulo.

Ópera Porgy and Bess, de Gershwin, com direção de Grace Passô, estreia em 19 de setembro no Theatro Municipal de São Paulo, após 33 anos de ausência nesse palco centenário. Postado por Marco Antônio Seta em 17/9/2025

Foto: Rafael Salvador.

Montagem reúne elenco de maioria negra e marca a estreia de Grace Passô na direção de ópera no Theatro Municipal. A ópera, que conta com o clássico Summertime, tem direção musical de Roberto Minczuk, coreografia de Mário Lopes e concepção cenografia de Marcelino Melo, conhecido como Quebradinha, tem estreia dia 19 de setembro.

 

O Theatro Municipal de São Paulo apresenta em setembro um dos maiores clássicos do repertório lírico do século XX, Porgy and Bess, de George Gershwin, com libreto de DuBose Heyward,  em uma montagem inédita que reúne, em sua maioria, um elenco composto por artistas negros, reafirmando o compromisso da instituição com a diversidade e a representatividade nas artes cênicas. As apresentações acontecem de 19 a 27 de setembro, na Sala de Espetáculos. Os ingressos custam de R$33 a R$210 e duração de aproximadamente 230 minutos, com intervalo.

Com direção musical do maestro Roberto Minczuk, e direção cênica de Grace Passô, a montagem traz à cena o universo multifacetado desta ópera, que une as fronteiras do jazz, folk, do teatro e da música clássica, para contar uma história de luta e amor. “Quando pensamos em realizar uma montagem inédita de Porgy and Bess, o nome da Grace Passô surgiu imediatamente como a pessoa ideal para propor a concepção e assinar a direção cênica. Como dramaturga, diretora cênica, diretora de cinema e atriz, Grace soma atributos e se esmera pela contundência. Sua primeira abordagem da obra foi no sentido de criar paralelos entre o contexto estadunidense da época e o nosso contexto atual no Brasil”, explica Andrea Caruso Saturnino, superintendente geral do Complexo Theatro Municipal de São Paulo. 


“Mas como a liberação dos direitos depende da aprovação dos herdeiros e eles são bastante criteriosos em relação às montagens que autorizam. Ficamos na expectativa do retorno que teríamos da parte deles e se poderíamos prosseguir com o projeto. O aval positivo veio junto com a notícia de que eles viriam para assistir à nossa versão, o que não só nos entusiasmou, como reforçou nosso entendimento de que as montagens cênicas são as possibilidades que temos de nos aproximar das obras por diferentes vieses, criando conexões que dialogam com o momento presente, trazendo novas perspectivas a serem compartilhadas com o público”, pontua.

A trama de Porgy and Bess gira em torno das dores e paixões dos moradores de Catfish Row, com personagens como Porgy, um homem humilde e com uma deficiência física, e Bess, em busca de redenção após uma vida de provações. Clássicos eternos como Summertime, célebre canção interpretada por artistas como Billie Holiday, Janis Joplin, Louis Armstrong e Ella Fitzgerald, My Man’s Gone Now e I Got Plenty o’ Nuttin’ dão voz e alma a esta narrativa que cruza fronteiras entre o jazz, o teatro e a música clássica, mantendo-se relevante por sua profundidade emocional e sensibilidade social.                                                       

                                                   Luiz-Ottavio Faria e Latonia Moore (Porgy and Bess)

Concebida originalmente por George Gershwin como uma "ópera folclórica americana", estreou originalmente em 1935. No Municipal, Porgy and Bess foi apresentada, com um elenco majoritariamente negro com aproximadamente 20 cantores líricos, em uma montagem em 1992. Vinda da companhia da Ópera de Virgínia, a produção percorreu uma turnê pela América do Sul, passando pela Argentina e pelo Uruguai, até encerrar sua trajetória em São Paulo.


Nesta montagem, inteiramente feita no Brasil, a diretora Grace Passô traz elementos do contexto cultural e das comunidades das periferias brasileiras para a cena. Ela foi a primeira dramaturga negra a receber o Prêmio Shell no Brasil. Entre suas obras no teatro, dirigiu Por Elise (grupo de teatro Espanca!), Vaga Carne (com a própria autora), Herança (com Maurício Tizumba), Pretoperitaomar (sobre a vida de Itamar Assumpção) e O Fim e Uma Outra Coisa (com Zora Santos).

“O momento em que o Gershwin criou essa ópera, era um momento muito importante da música mundial por conta do impacto do Jazz e de como essa cultura lidava com as tensões raciais. Fazemos aqui o exercício de pensar o que está acontecendo no Brasil de hoje, através desta versão que imagina paralelos contemporâneos com a trama original escrita nos anos 1930”, explica Grace Passô, diretora cênica da montagem.

A concepção cenográfica é assinada por Marcelino Melo, conhecido como Quebradinha, artista plástico, cenógrafo e figurinista cuja obra transita entre a arte popular e o imaginário afro-brasileiro. Seu trabalho é amplamente reconhecido pelas detalhadas miniaturas de favelas, que recriam com precisão poética becos, casas e paisagens urbanas brasileiras, transformando memória e vivência em arte. Essas obras, já expostas em galerias e projetos culturais no Brasil e no exterior, revelam um olhar sensível sobre a vida nas periferias e a resistência das comunidades.


                                                  Latonia Moore  (Bess) ao centro da cena 

O espetáculo contará ainda com a participação especial do Coro Porgy and Bess, formado por cantores do Coro Lírico Municipal, integrantes do Coral Paulistano e artistas convidados. A fusão dessas formações corais, sob regência da maestra Maíra Ferreira, dará à montagem a força vocal e a riqueza harmônica que tornaram Porgy and Bess um marco no repertório lírico internacional.

 

O baixo Luiz-Ottavio Faria interpreta Porgy em todas as récitas. No papel de Bess, Latonia Moore canta nos dias 19, 21 e 27, enquanto Marly Montoni assume a personagem nos dias 20, 23, 24 e 26. Nas récitas dos dias 19, 21, 24 e 27, Bongani Kubheka interpreta Crown, Jean William será Sportin’ Life e Bette Garcés assume o papel de Clara. Já nas apresentações dos dias 20, 23 e 26, os papéis são interpretados, respectivamente, por Davi Marcondes (Crown), Carlos Eduardo Santos (Sportin’ Life) e Nubia Eunice (Clara). Michel de Souza (Jake) integra o elenco em todas as datas.

 

Serviço

Theatro Municipal de São Paulo – Sala de Espetáculos

Porgy and Bess, de George Gershwin, com libreto de DuBose Heyward

 

ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL

CORO PORGY AND BESS*

*Cantores do Coro Lírico Municipal, Coral Paulistano e convidados

 

19/09, sexta-feira, 20h
20/09, sábado, 17h
21/09, domingo, 17h
23/09, terça, 20h
24/09, quarta, 20h
26/09, sexta, 20h
27/09, sábado, 17h

 

Roberto Minczuk, direção musical

Grace Passô, direção cênica

Maíra Ferreira, regente do Coro Porgy and Bess

Marcelino Melo, concepção cenográfica

Vinicius Cardoso, projeto cenográfico

Wagner Antonio, design de luz

Mario Lopes, criação de movimento e coreografia
Guinho Nascimento, Malu Avelar e Veronica Santos, coreografos assistentes

Alexandre Tavera, figurino

Ana Vanessa, assistente de direção cênica

 

Luiz-Ottavio Faria, Porgy (todas as datas)

 

Latonia Moore, Bess (dias 19, 21 e 27)

Marly Montoni, Bess (dias 20, 23, 24 e 26)

 

dias 19, 21, 24 e 27

Bongani Kubheka, Crown

Jean William, Sportin’ Life

Betty Garcés, Clara

Juliana Taino, Serena

Edineia Oliveira, Maria

 

dias 20, 23 e 26

Davi Marcondes, Crown

Carlos Eduardo Santos, Sportin’ Life

Núbia Eunice, Clara

Zuzu Belmonte, Serena

Edna D’Oliveira, Maria

 

todas as datas

Michel de Souza, Jake

Elisete Gomes, Soprano Solo (Velório)

Mar Oliveira, Robbins

Mere Oliveira, Annie

Mikael Coutinho, Mingo / Nelson / Crab Man

Samuel Martins, Peter

Aline Serra, Strawberry Woman / Lily

Nathielle Rodrigues, Uma Mulher

Andrey Mira, Jim

Ádamo Oliveira, Frazier

Fúlvio Souza, Agente Funerário

Negravat, Scipio

 

Cena da Tempestade (Coro de solistas)

Elisete Gomes e Nathielle Rodrigues, sopranos

Mere Oliveira, Contralto

Samuel Martins, tenor

Andrey Mira, baixo

 

Atores:

Rodrigo Mercadante, Detetive

Washington Lins, Policial

Kaio Borges, Policial

Gustavo Lassen, Mr. Archdale

Felipe Venâncio, Legista

Malu Souza e Efraim Souza, filho de Clara e Jake

 

Bailarinos:

Allyson Amaral, Boogaloo Begins, Bruno Duarte, Caio Gabriel, Daniela Raio, Danilo Alves, Debora Vaz, Evandro Passos, Guidá, Guinho Nascimento, Pitbull, Rafa Araujo, Taísa Garcia, Tanisha Evy, Trindade, Willis.

 

Duração de aproximadamente 230 minutos, com intervalo
Classificação indicativa não recomendado para menores de 14 anos

Ingressos de R$ 33 a R$ 210

 


 

Comentários

Anônimo disse…
Talvez a produção surpreenda.
Lourdes disse…
O que será que vem aí? A volta de Porgy and Bess ao Municipal promete unir tradição e releitura crítica, com elenco representativo e direção ousada. Pode ser um marco de renovação para a ópera no Brasil.