Os três porquinhos de Don Gionanni
A crítica publicada no site Concerto sobre o Don Giovanni de Hugo Possolo revela-se absolutamente equivocada, superficial e, pior, descolada da realidade do que de fato se viu no palco. Assisti à récita do dia 09/05/2025 com o elenco alternativo e, ao contrário do que o texto afirma, a montagem está longe de ser um exemplo de equilíbrio ou “fluência”. A direção não salva o conjunto, e o que se viu foi um elenco em sua maioria fraco, com Homero Velho completamente perdido como Don Giovanni — uma caricatura desprovida de charme ou ambiguidade. Saulo Javan (Leporello) mais uma vez, entrega sua voz anasalada e cansativa, sem a menor sutileza ou renovação interpretativa. O Comendador de Sérgio Righini é esquecível, inexpressivo, e Rogério Nunes como Masetto é de uma monotonia vocal inaceitável. Raquel Paulin cria uma Zerlina caricatural, excessivamente adornada com flores e roupas questionáveis, destoando totalmente da simplicidade da personagem. A Donna Elvira beira o caricato, desafinada e afetada de forma forçada. Jabez Lima contratenor, alcança facilmente os agudos (Don Ottavio) mas na região mais grave, sua voz peca com uma emissão defeituosa. Ou seja, se há algo que destoa na crítica do site, é sua tentativa de maquiar um elenco medíocre com uma defesa pretensamente técnica, ignorando o que mais importa: o resultado artístico. A única exceção honrosa foi Ludmilla Bauerfeldt como Donna Anna — afinadíssima, intensa, segura, e com uma Non mi dir arrebatadora. Uma artista de verdade, que já havia brilhado nesse papel em 2022 no Municipal do Rio, e que aqui, mais uma vez, salvou a noite. O resto? Um maestro chamado Roberto Minczuk, cuja regência oscila frequentemente e o que é pior : imprime uma força sonora, sempre errônea que não combina e se desloca do estilo mozartiano e, sobretudo dessa obra prima do compositor de Salzburgo. O maestro que abre mão do rigor e da integridade da ópera original, revela-se incapacitado para reger uma obra prima desse quilate. Um engodo mal defendido por uma crítica frouxa e distorcida, que falha até mesmo em reconhecer a precariedade gritante da performance.
Escrito por Marco Antonio Seta, em 23/5/2025.
Jornalista cuja inscrição 61.909 MTB
Licenciado pela UNICASTELO em Artes Visual; em Pedagogia pelo Instituto de /Educação "Peixoto Gomide", em Itapetininga/SP
Diplomado em piano, história da música, teoria, solfejo, harmonia e contraponto pelo Conservatório Musical "Dr. Carlos de Campos", em Tatuí, SP.
Comentários