"LES INDES GALANTES" NO THEATRO MUNICIPAL DE SP: QUANDO A ENCENAÇÃO SE DESCONECTA DO BOM SENSO. CRÍTICA DE JOSÉ ANTÔNIO BRANCO BERNARDES NO BLOG DE CRÍTICA COM O SETA.
Assisti à montagem de Les Indes Galantes no Theatro Municipal de São Paulo e saí com a sensação de ter presenciado uma disputa curiosa: quem conseguia sabotar mais a obra — a direção cênica ou o próprio ego em cena?
A música estava digna, é verdade. Mas todo o resto parecia fruto de um laboratório de como não montar Rameau.
Encenação e enredo? Vidas que seguem separadas, aparentemente por escolha estética.
Les Indes é um Balé Heróico construído sobre quatro histórias nas quais o Amor triunfa. Pois bem: aqui, o que triunfou foi uma visão cênica que faz a “roupa do imperador” parecer um tratado de coerência. Nada conversa com nada. Nada se sustenta. Nada faz sentido.
O resultado?
Um espetáculo que tenta ser moderno, mas só consegue ser confuso.
Personagens eclipsados por um maestro que parece disputar protagonismo com a própria trama.
Efeitos e poses substituindo drama e narrativa.
Um elenco local obrigado a se virar entre cortes improvisados, orientações contraditórias e a sensação clara de que foi chamado para preencher espaço, não para ser integrado artisticamente.
Tudo isso embalado por uma plateia “woke deslumbrada”, encantada com qualquer sinal de arrojo cênico — mesmo que totalmente desconectado da obra, da história e do bom senso.
No fim, Les Indes Galantes virou um grande espetáculo sobre nada.
Muito efeito, pouquíssima substância. E uma pergunta inevitável:
Até quando a Sustenidos, OS que comanda o Municipal vai confundir desconstrução com desorientação?
José Antônio Branco Bernardes
Comentários