PRISCILA BONFIM é a nova regente assistente do Theatro Municipal de São Paulo | DESTAQUE THEATRO MUNICIPAL
Priscila Bomfim estreia como regente assistente da OSM e Theatro Municipal libera os lugares após o terceiro sinal . Crítica de Marco Antônio Seta.
Theatro Municipal de São Paulo e a programação decadente de sua administração compromete o nível cultural da mesma.
A atual programação do Theatro
Municipal de São Paulo vem recebendo inúmeras críticas e comentários daqueles
que realmente conhecem o repertório e a literatura musical universal,
incluindo-se música sinfônica, óperas e balés consagrados no mundo, no decorrer
dos séculos..
Tributo ao Secos&Molhados", com o Coral Paulistano e Orquestra Sinfônica Municipal, sob a direção musical de Maíra Ferreira, por exemplo. Dança | Boca Abissal e tão carne quanto pedra; Ópera | Don Giovanni, de Wolfgang Amadeus Mozart; Concerto / Ouvir as Cores : 100 anos de Física Quântica; esses são alguns dos títulos amplamente divulgados pela direção do Municipal ( a Sustenidos Organização Social de Cultura), assim caminham os cartazes de publicidade
E por aí seguem tais títulos chamativos, que por sua vez, muito pouco ou nada representam de educativo e tão pouco de atrativo a um público que realmente não se exaspera atrás de demagogias baratas e que não se entrelaçam com a arte musical propriamente dita. Somam-se ainda a um desnível artístico sem igual, muitas vezes, arrastando ao palco do Theatro Municipal, pseudo-artistas que nem poderiam pisar nesse palco, tamanha a escassez de preparo técnico e artístico... (fatos esses conferidos na última apresentação da ópera-tango "Maria de Buenos Aires", do grande compositor argentino Astor Piazzolla (novembro/dezembro de 2024). E quanto aos títulos das óperas, muitas vezes intensamente surrados, sem comentários nas repetições das sinfonias de Mahler, poemas sinfônicos de Strauss, em detrimento das sinfonias e demais obras corais-sinfônicas de Johannes Brahms, ou obras de Hector Berlioz, Alejandro Borodin, Brucknner, Glazunov, Rachmaninov, Sibelius, Tchaikovsky e Villa-Lobos, incluam-se nesta relação os poemas sinfônicos desses mestres como também os de Liszt, De Falla, Debussy, Delius, Grieg, Holst, Lalo, Mendelssohn, Meyerbeer, Mussorgsky, Ravel, Rimsky-Korsakov, e os ballets de Igor Stravinsky, entre outros de Tchaikovsky, Delibes e Minkus.
E os brasileiros Camargo Guarnieri, Claudio Santoro, Oswaldo Lacerda, Francisco Mignone, Lorenzo Fernandes, Almeida Prado, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Sérgio Vasconcelos Corrêa, Cyro Pereira, Luiz Arruda Paes, Tom Jobim , e o paulista imortal Antonio Carlos Gomes., este tão vilipendiado e desprezado pelo Theatro Municipal de São Paulo, apesar dele ser o patrono daquele monumento à ópera, desde a sua inauguração em 1911, jamais teve o seu lugar de honra nas temporadas líricas, salvando-se à época do maestro Armando Belardi, (1936-1986) incansável batalhador da perpetuação do compositor campineiro, quando dele, considerava, sempre, fazer realizar ao menos uma das óperas de sua autoria nas temporadas (Fosca, Maria Tudor, Salvator Rosa, Lo Schiavo, Colombo, Condor e o seu maior triunfo "Il Guarany", de 1870, estreado no alla Scala de Milão a 19 de março daquele ano marcante na vida do compositor.
A insistência em reprisar as piores óperas já levadas no Theatro Municipal em anos sucessivos (O Guarani, Rosenkavalier, e talvez Turandot, no ano em que se comemorará o centenário de estreia desse título (1926-2026). Ou será que se bisará o Nabucco ou a Aída (Verdi) ambas desastrosas e horrendas produções que aqui se realizaram em anos próximos passados. Um erro após outro nesta administração.
Na noite de 11 de
abril estreou em nosso teatro máximo a Maestra Priscila Bomfim,
como regente assistente da Orquestra Sinfônica Municipal. Nascida
em Braga, Portugal, onde iniciou seus estudos musicais, Priscila é Mestre em
piano pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e possui um relevante
trabalho de leitura à primeira vista ao piano. Em sua formação, participou de
masterclasses com renomados maestros, como Neeme Järvi e Paavo Järvi. Além de
seu reconhecido trabalho como pianista, Priscila tem desenvolvido ampla
carreira como regente, realizando concertos com as principais orquestras
sinfônicas do país, como a Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica
de Porto Alegre e a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do RJ. A maestra
regeu com muita competência e brilho o programa que incluiu o concerto para
harpa e orquestra de Henriette Renié, interpretado por
Jennifer Campbell, exímia solista escocesa, vencedora de prêmios internacionais
e que, desde 2014, é harpista solista da Orquestra Sinfônica do Theatro
Municipal de São Paulo. Completou o programa a Sinfonia nº 3, em dó menor, Op.
78, obra composta para a Sociedade Filarmônica de Londres, tendo sido na
estreia regida pelo próprio Camille Saint-Saens, a 19 de julho de 1886.
O compositor francês está entre os mais respeitados e travou amizades com os grandes mestres não só franceses, senão também estrangeiros, entre eles, Liszt e Richard Wagner, César Franck, Bizet, Albeniz, Granados, Gliére, Chabrier, Erik Satie, Paul Dukas, Jacques Ibert, Sibelius, Glazunov, Minkus, e Lalo, seus contemporâneos e pós-contemporâneos.
A sinfonia nº 3, em
dó menor para órgão e orquestra, está dividida em duas partes. Não obstante
isso, ela contém virtualmente, os quatro movimentos tradicionais: o 1º com o
seu restrito desenvolvimento, serve de introdução ao Adágio, e o Scherzo,
se encadeia da mesma forma, com o Finale. Depois de um Adagio de
introdução, que consta de alguns compassos no órgão solista (em sons
pianissimos nas notas mais graves); . O principal tema do Adagio volta então,
sendo confiado ao spalla, uma viola e um violoncelo (solistas) acompanhado
pelos acordes do órgão e pelo persistente rítmo em tercinas dos episódios
precedentes, cujo movimento termina, então com uma Coda de sentimento místico,
diz o compositor.
O Allegro moderato, do terceiro
movimento, é seguido do Presto tumultuoso, através do qual fazem-se ouvir
a intervalos os arpejos e rápidas passagens em escala ao piano a quatro mãos,
acompanhados por um rítmo sincopado da orquestra.
A primeira transformação desse tema leva a um segundo motivo, que se distingue por sua maior tanquilidade. Tudo soou bem com o conjunto das cordas da orquestra e principalmente com o seu spalla, o talentoso violinista Alejandro Aldana, que conduz os primeiros violinos da melhor e mais brilhante postura. Depois de uma vaga reminiscência do tema inicial do primeiro movimento, um Maestoso anuncia a aproximação do triunfo do pensamento calmo e sublime . O primeiro tema do episódio inicial, completamente alterado, é executado pelas cordas e pelo piano (a quatro mãos)e pelo órgão e toda a orquestra, que encenrra assim, com uma brilhante Coda, em que o tema inicial, numa última transformação, toda a forma de uma figura do violino, conclui a obra. A Orquestra Sinfônica Municipal executou a sinfonia de uma forma muito convincente, merecendo o aplauso de um público grande e vibrante. Bravos à Maestra Priscila Bomfim. Vale destacar o reaparecimento do grande órgão Tamburini, há anos conspurcado nas coxias do Municipal, agora presente nesta bela sinfonia do compositor Saint-Saens (1835-1921). Esperamos ouví-lo em outras efemérides como sinfonias, cantatas e óperas, participando assim, com a sua majestosa e imponente sonoridade e correspondentes recursos técnicos.
Cheguei ao Theatro Municipal de São Paulo antes do terceiro sinal. Quando me dirigi ao meu assento — comprado com antecedência e por valor mais elevado justamente por oferecer uma visão privilegiada do palco — fui surpreendido ao encontrá-lo ocupado. E, para meu completo espanto, duas funcionárias se aproximaram dizendo que eu poderia me sentar em qualquer lugar disponível. Eu mal acreditei no que ouvi. Qualquer lugar? Como assim? Eu paguei mais caro para ter um assento específico, e agora qualquer um pode simplesmente se sentar ali? E a resposta que ouvi foi ainda mais absurda: "Em outros teatros é assim, o Teatro Bradesco, por exemplo, também não tem assento marcado". Ou seja, além de não respeitarem o espectador que valoriza a arte e paga para tê-la em sua plenitude, tentam normalizar o desrespeito com base em exemplos igualmente equivocados.
É vergonhoso. Humilhante. Ficar de pé ao lado do lugar que é seu por direito, enquanto ocupam seu espaço, e ouvir, como se fosse um favor, que você pode procurar “um lugar sobrando”. Os piores lugares. E para manter um mínimo de dignidade — porque sim, ainda sou daqueles que respeitam o ambiente e a arte — me retirei e sentei onde “sobrou”. No intervalo, retornei às funcionárias para reafirmar minha insatisfação e recebi uma explicação que beira o escárnio: “a administração adotou essa política para não atrapalhar o evento”. E ainda ouvi que, por conta do horário, eu sequer deveria ter entrado!!
— Me pergunto: quem é essa
figura patética que está por trás dessa administração para ditar regras tão
desprezíveis? Uma autoridade imposta que desconhece completamente a lógica mais
elementar da gestão cultural. Não é possível que estejamos falando do mesmo
Theatro Municipal que já foi símbolo da grandeza lírica brasileira. Olhem só á
que ponto chegou o Theatro Municipal!!!
Autor da imagem: Autoria própria
Escrito por Marco Antônio Seta em 12 de Abril de
2025. Jornalista inscrito sob nº 61.909 MTB - SP
Comentários
Muito obrigado pelo artigo verdadeiro e corajoso.
De forma que, finalizando, é sempre um prazer ler as impressões de um especialista que além de excelente conhecedor, tem conhecimentos linguísticos que tornam o texto um primor.
Regina Vilela disse: -"Já tive a feliz oportunidade de assistir, tempos atrás (antes da pandemia) a belíssimas óperas e concertos no Theatro Municipal de São Paulo.
Moro no sul de Minas Gerais e era assinante das óperas.
Agora não vou, nem de graça! Perdeu o encanto. Tudo muito estereotipado e tendencioso. Que pena!..."
Concordo com a posição, do Jornalista. Marco. A. Serra. Gostaria de fazer algumas, considerações. Sou Professor Doutor. Em Arte e Educação.
Tenho assistido , e analisado. O trabalho de Opera. Tem sido de baixa qualidade. Os cantores atores. Não possuem uma direção correta; são inverossimeis. Não tem coerência nos personagens. Na minha leitura. Não existe um trabalho de campo para atuar como personagens. Deveriam ler, estudar. Não deveriam ser eles no palco. Mas sim o personagem.. Muito .apromoremtriste isto. São cheios de clichês e estereótipo. Fica. Estudem. Leiam